Dissertação - Jocelda Goncalves Oliveira Oliveira

A comunicação como um dos fatores de auxílio ao paciente cirúrgico no processo de tomada de decisão sobre a sua saúde

Autor: Jocelda Goncalves Oliveira Oliveira (Currículo Lattes)

Resumo

Este estudo teve sua motivação em quase quinze anos de trabalho da autora em Instituição Hospitalar, em que pôde observar, empiricamente, que as relações de comunicação entre profissionais de saúde e pacientes ocorrem de maneira verticalizada, nas quais o profissional transmite o seu saber, impondo e negando o direito à voz do outro e, em conseqüência, negando-lhe, também, a autonomia de decidir. Transformando essa assertiva em uma questão hipotética, foi constatada a sua confirmação, por ocasião do desenvolvimento da presente pesquisa, cujo objetivo geral foi compreender como vem se dando a participação do cliente/paciente no processo de tomada de decisão. Visando atingir o objetivo pretendido, foi desenvolvido um estudo qualitativo em uma Unidade de Internação Cirúrgica, de um Hospital Universitário, público, do Estado do Rio Grande do Sul. Os sujeitos da pesquisa foram os clientes/pacientes de cirurgia eletiva e os profissionais de saúde (médicos e membros da equipe de enfermagem). A coleta de dados deu-se por meio do uso das técnicas de observação e entrevista. Ambas as técnicas seguiram um roteiro pré estabelecido. A análise dos dados emergentes permitiu comprovar que é o paciente quem decide procurar auxílio médico e que os profissionais parecem percebê-lo somente como um caso cirúrgico, não se identificando perante ele nem fornecendo informações a respeito de exames e procedimentos realizados. Também não permitem ou incentivam a sua participação no seu cuidado. Além de não considerarem queixas e temores, não respeitam o direito à recusa a qualquer procedimento prescrito. Comprovou-se, assim, que subestimam a sua capacidade e inteligência. O Ser humano, portanto, desde o momento em que interna no hospital, aos poucos, é destituído da sua condição de sujeito. Passando a emergir como objeto, perde o comando de seu próprio corpo, a autonomia, sendo-lhe negada a sua capacidade de reflexão e, portanto, de decisão. Assim, nesse contexto, a comunicação, centrada na verticalização das relações, não possibilita a tomada de decisão por parte daquele que teria de ser o legítimo decisor sobre questões que envolvem o seu corpo, saúde e cuidado.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: EnfermagemAutonomiaTomada de decisãoComunicação humana