Tese - Vanessa Franco de Carvalho

Contribuições do conhecimento dos fatores de risco para parto prematuro à organização do trabalho do enfermeiro na assistência pré-natal

Autor: Vanessa Franco de Carvalho (Currículo Lattes)

Resumo

O estudo teve como objetivos: elencar os fatores de risco relacionados ao parto prematuro, em gestantes que receberam assistência ao parto no município do Rio Grande/RS; enumerar os fatores de risco relacionados ao parto prematuro, segundo a percepção dos enfermeiros que realizam a assistência pré-natal; conhecer a conduta dos enfermeiros diante dos fatores de risco relacionados ao parto prematuro; e identificar como está organizado o trabalho dos enfermeiros que realizam o pré-natal, para a prevenção dos partos prematuros. Trata-se de um estudo de abordagem quanti-qualitativa. A etapa quantitativa foi do tipo caso-controle, utilizando dados do projeto intitulado "Parto prematuro: estudo dos fatores associados para a construção de estratégias de prevenção". Os dados são referentes à entrevista, realizada durante o ano de 2015, com 303 puérperas, que fizeram o pré-natal no município do Rio Grande e tiveram parto prematuro e 307 mulheres que tiveram parto a termo. A análise foi desenvolvida com auxílio do programa Stata, versão 11.0, em um nível de significância de 5%, foram calculadas as frequências das variáveis estudadas, análises bivariadas e teste t para comparação das médias. A etapa qualitativa realizou entrevista, no período de julho a outubro de 2016, com os 45 enfermeiros que prestavam assistência pré-natal pelo Sistema Único de Saúde no município do Rio Grande/RS, utilizando a análise descritiva e temática dos dados. As pesquisas tiveram aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal do Rio Grande e autorização do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio Grande. A pesquisa quantitativa identificou como fatores de risco ao parto prematuro a idade materna entre 20-34 anos, escolaridade materna maior que 12 anos de estudo, maior renda materna, realização de menos de seis consultas de pré-natal, história de prematuridade prévia, hipertensão arterial, ameaça de aborto, ameaça de parto prematuro, sangramento, uso de crack na gravidez e trabalho da mãe na gravidez. A pesquisa qualitativa evidenciou que muitos enfermeiros não souberam explanar os encaminhamentos para os fatores de risco ou citaram cuidados isolados. Foi encontrada disparidade, em relação às condutas, e alguns cuidados não foram identificados. As estratégias de prevenção ao parto prematuro elencadas foram educação em saúde, organização da dinâmica de trabalho, planejamento familiar, trabalho em equipe, grupo de gestantes, organização do tempo para atendimentos das gestantes e realização de pré-natal. As questões pesquisadas nesta tese de doutorado apresentaram variáveis com resultados divergentes das publicações na área que podem ter ocorrido, devido à influência de fatores confundidores como as cesarianas eletivas. Porém, a pesquisa não conseguiu determinar tal hipótese. Ficou evidente a necessidade de qualificação do trabalho dos enfermeiros para melhorar o atendimento pré-natal e, consequentemente, diminuir os riscos de trabalho de parto prematuro. Os achados mostram a necessidade de investimentos em educação permanente para os enfermeiros, de forma que possam identificar prontamente os fatores de risco ao parto prematuro e saibam prescrever os cuidados necessários. Os resultados deste estudo permitem confirmar a tese de que a aquisição de conhecimento sobre os fatores de risco para parto prematuro qualifica o enfermeiro para a realização do pré-natal e contribui para a organização do trabalho na prevenção do parto prematuro.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: EnfermagemParto prematuroFatores de riscoCuidado pré-natal