Tese - Lucimara Sonaglio Rocha

Capacidade funcional da pessoa idosa hospitalizada: elaboração e validação de conteúdo de um protocolo assistencial de enfermagem

Autor: Lucimara Sonaglio Rocha (Currículo Lattes)

Resumo

A hospitalização é reconhecida como um fator de risco para o declínio funcional das pessoas idosas. Logo, durante a internação do idoso, a avaliação da capacidade funcional faz-se necessária, uma vez que fornece dados importantes para a assistência de enfermagem que, fundamentada em evidências científicas, poderá intervir para minimizar ou evitar perdas funcionais e prevenir complicações. O presente trabalho tem por objetivo geral avaliar a capacidade funcional de pessoas idosas hospitalizadas. Constituem-se como objetivos específicos: verificar se há variação da capacidade funcional das pessoas idosas antes e durante a hospitalização e no momento da alta hospitalar; identificar variáveis associadas ao declínio da capacidade funcional em pessoas idosas hospitalizadas; elaborar e validar o conteúdo de um protocolo assistencial de enfermagem com foco na capacidade funcional da pessoa idosa hospitalizada. Com a finalidade de atender os objetivos propostos, uma vez que, coexiste o propósito de avaliar a capacidade funcional da pessoa idosa hospitalizada e o de propor uma intervenção de enfermagem neste contexto, o estudo foi realizado em dois momentos. No momento 1, realizada entre os meses de novembro e dezembro de 2018, foi avaliada a capacidade funcional de 56 pessoas idosas nas unidades de internação do Hospital de Clínicas de Passo Fundo por meio de um instrumento de avaliação sociodemográfico, econômico e clínico, da aplicação das escalas de Barthel para a avaliação das atividades básicas de vida diária, de Lawton e Brody para a avaliação das atividades instrumentais de vida diária e do Mini Cog para a avaliação cognitiva. No momento 2, realizado entre os meses de janeiro e julho de 2019, foi construído e validado um protocolo de intervenções de enfermagem com foco na capacidade funcional da pessoa idosa hospitalizada. Os participantes, em sua maioria, mostraram-se independentes na linha de base tanto para as atividades básicas, quanto instrumentis de vida diária (60% e 53,6% respectivamente) com perda funcional significativa entre o período pré admissional e admissional e entre o período pré- hospitalar e alta hospitalar para ambas as atividades e variação entre os períodos de admissão e 5 dias, 10 e 15 dias decorridos de internação para as ABVD. Não houve variação significativa nas ABVD e AIVD entre o período de admissão e alta hospitalar. Tais dados sugerem que há variação da capacidade funcional das pessoas idosas antes e durante a hospitalização e no momento da alta hospitalar. Em relação aos fatores que contribuem para o declínio funcional da pessoa idosa hospitalizada, estes podem ser divididos em dois segmentos, fatores pré- ospitalares e intra-hospitalares. Entre os fatores pré-hospitalares idade, medo de quedas, presença de dor ao movimento e doenças do aparelho respiratório apresentaram moderada associação com o declínio para as ABVD e AIVD. Fadiga e fraqueza e doenças do aparelho circulatório associadas com declínio das AIVD. Desta forma, foi possível identificar alguns dos fatores pré- hospitalares associados ao declínio da capacidade funcional em pessoas idosas hospitalizadas. No segundo momento, foi elaborado um protocolo assistencial com base em evidências científicas constituído de cinco domínios de intervenção: estado geral de saúde, cognição e humor, desempenho funcional, suporte social e organização do cuidado contendo as intervenções de enfermagem de acordo com a Classificação Internacional das Intervenções de Enfermagem (NIC) e resultados de enfermagem de acordo com a Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOC). O protocolo foi submetido à validação de conteúdo utilizando-se para tal da técnica Delphi com o cálculo do Índice de Validade de Conteúdo (IVC) por item e global por 7 juízes especialistas na área. O protocolo atingiu IVC 1, sendo assim considerado válido. Em ambos os momentos do estudo, foram respeitados os preceitos éticos estabelecidos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Desta forma, o estudo confirmou a tese de que durante a internação hospitalar, a pessoa idosa sofre alterações nos níveis de funcionalidade para as atividades de vida diária que podem repercutir em sua independência e autonomia. Neste contexto, a enfermagem, por meio da sistematização da assistência de enfermagem, pode contribuir para a prevenção de perdas, manutenção ou recuperação da capacidade funcional da pessoa idosa.

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