Dissertação - Fernanda Pires Freire dos Santos

As vítimas de violência física atendidas pelo SAMU e as redes de atenção a saúde em um município do sul do Brasil

Autor: Fernanda Pires Freire dos Santos (Currículo Lattes)

Resumo

Introdução: O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência está inserido na Rede de Atenção à Saúde e geralmente é o primeiro a realizar o atendimento a vítima de violência física. Este estudo tem como objetivos: analisar as características do atendimento às vítimas de violência física, a partir dos boletins realizados pelas equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências em município no sul do Brasil; e, Conhecer a assistência às vítimas de violência física e o funcionamento da Rede de Atenção à Saúde, a partir do trabalho das enfermeiras, em Unidades Básicas de Saúde e Unidades Saúde da Família. Metodologia: a pesquisa foi realizada em duas etapas. A primeira, analítica, retrospectiva, documental e de abordagem quantitativa analisando os boletins de atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência no período entre 2013 a 2017. Fizeram parte da amostra 1.201 boletins de atendimento. A coleta ocorreu de outubro a dezembro de 2018, por meio de um instrumento estruturado. Os dados foram analisados no software Statistical Package for the Social Sciences versão 21, mediante estatística descritiva simples, Teste Kruskal Wallis e Teste QuiQuadrado. A segunda etapa constituiu-se de pesquisa analítica, exploratória e de abordagem qualitativa, na qual foram efetuadas entrevistas semiestruturadas com 14 enfermeiras das Unidades Básicas de Saúde e Unidades Básicas de Saúde da Família, dos bairros com maior índice de atendimento pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência as vítimas de violência física. Resultados: Os resultados foram apresentados em dois artigos: Os atendimentos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência às vítimas de violência física. e Enfermeiras e a Rede de Atenção à Saúde na assistência as vítimas de violência física. No primeiro artigo foi possível identificar maior frequência de violência física entre homens de 18 a 25 anos, vítimas de agressão. Constatou-se diferenças significativas entre os tipos de violência e faixa etária (p=0,000) e entre o tipo de violência e segmento corporal atingido (p=0,000). Constatou-se associação significativa entre as condutas adotadas pelas equipes e os tipos de violência sofridos pelas vítimas (p=0,000). O segundo artigo evidenciou que a maioria das enfermeiras desconheciam os índices de violência que ocorrem nos bairros em que trabalham. O uso de drogas foi elencado como fator predisponentes de violência física. As enfermeiras não reconhecem o funcionamento da Rede de Atenção a Saúde, assim como, os serviços de apoio da comunidade. A educação em saúde foi reconhecida como uma forma de reduzir índices de violência física, porém não há ações nas unidades com essa finalidade. Conclusões: Ao caracterizar os atendimentos realizados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência às vítimas de violência física foi possível concluir que a maioria dos enfermeiros desconhecem os índices dos casos de violência física que ocorrem nos bairros em que trabalham, gerando angústia e medo em relação aos impactos na assistência prestada, o que leva a necessidade de esclarecimento destes profissionais sobre a temática, bem como quanto ao funcionamento da Rede de Atenção à Saúde.

TEXTO PARCIAL

Palavras-chave: Serviços médicos de emergênciaViolênciaAgressão (Direito penal)Exposição à violênciaEnfermagem