Dissertação - Ana Cláudia Schuab Faria de Paula

Perfil terapêutico medicamentoso de pessoas idosas adscritas a áreas de Estratégia de Saúde da Família de um município no extremo Sul do Brasil

Autor: Ana Cláudia Schuab Faria de Paula (Currículo Lattes)

Resumo

O uso de medicamentos com efeitos duplicados ou potencialmente inapropriados prejudicam a efetividade terapêutica e provocam danos à saúde e qualidade de vida da pessoa idosa. A polifarmácia é um fator de risco para que eventos como estes ocorram. Este estudo teve como objetivo geral descrever o perfil terapêutico medicamentoso das pessoas idosas residentes em áreas adscritas a Estratégias de Saúde da Família de ummunicípio no extremo Sul do Brasil. Os objetivos específicos incluíram: Descrever os principais medicamentos utilizados; Verificar a prevalência de medicamentos potencialmente inapropriados, duplicidade terapêutica e polifarmácia; Descrever os medicamentos inapropriados mais utilizados; Identificar os fatores relacionados ao uso de polifarmácia e de medicamentos inapropriados; Verificar a prevalência e o nível das interações medicamentosas potenciais encontradas (leve, moderada ou grave); Descrever os medicamentos responsáveis pelas interações graves e Identificar os fatores relacionados. Métodos: Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de natureza quantitativa, do tipo transversal, integrante ao macroprojeto "Relação entre Letramento Funcional em Saúde: adesão à medicação e funcionalidade em pessoas idosas na Estratégia de Saúde da Família". Foram pesquisadas 350 pessoas com 60 anos ou mais de idade de um município do extremo Sul Brasileiro, no período de julho a dezembro do ano de 2017, através da aplicação do instrumento de caracterização sociodemográfica, de saúde e terapêutica medicamentosa, elaborado para esta pesquisa. Os medicamentos foram analisados quanto à apropriação para a idade por meio do Beers Criteria® 2019, e quanto às interações potenciais e duplicidade terapêutica através do programa online Drug Interactions Checker. Os dados foram organizados em um banco de dados informatizado do Microsoft Excel®, e analisados por estatística descritiva e inferencial, utilizando-se o software Statistical Package for the Social Sciences versão 21.0. Resultados: O uso médio foi de 5,3 medicamentos/dia/idoso, variando de um a 18 medicamentos/dia, a maioria (96,3%) prescritos e atuantes nos sistemas cardiovascular ou digestivo/metabólico. 57,1% das pessoas idosas faziam uso de medicamento inapropriado, 89,5% desses sob prescrição médica, especialmente clonazepam (15%), brometo de propantelina (9%), amitriptilina (8%), diazepam (7,5%) e alprazolam (5,5%). O uso inapropriado se associou à presença de interações medicamentosas, duplicidade terapêutica, polifarmácia, hipertensão, diabetes e cardiopatias. A prevalência de polifarmácia foi de 71,7% e mostrou associação significativa à necessidade de ajuda com a medicação; ao número de interação potencial grave; e à duplicidade terapêutica. Das medicações utilizadas 24% acusaram duplicidade terapêutica e 80,5% interações potenciais (17,7% leve, 75,9% moderadas, e 6,4% graves).Daquelas consideradas graves 17,3% ocorreram entre amlodipino-sinvastatina. A polifarmácia e a presença de interações graves apresentaram associação significativa com a presença de doenças crônicas; Hipertensão; Diabetes; cardiopatias e ocorrência de pelo menos uma internação nos últimos 12 meses. Conclusão: é necessário muito mais do que "medicar" o paciente idoso, deve-se "tratá-lo com auxílio de medicamentos" de formaholística e integrada, respeitando sua individualidade e peculiaridades da idade, a fim de evitar o uso de medicamentos inapropriados e os problemas dele decorrente, aproximando-se assim do verdadeiro objetivo terapêutico: acrescentar não só anos à vida, mas também vida aos anos.

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Palavras-chave: IdososUso de medicamentosPolimedicaçãoInterações medicamentosasEnfermagem