Dissertação - José Gustavo Monteiro Penha

Estresse ocupacional e sintomas osteomusculares em profissionais de enfermagem de unidades hospitalares

Autor: José Gustavo Monteiro Penha (Currículo Lattes)

Resumo

A alta carga de trabalho da equipe de enfermagem em hospitais pode levar ao aparecimento de doenças físicas, psíquicas e emocionais. Este estudo teve como objetivos: analisar os níveis de estresse ocupacional e sintomas osteomusculares na equipe de enfermagem de dois hospitais brasileiros; identificar diferenças dos níveis de estresse ocupacional e sintomas osteomusculares entre as diferentes categorias profissionais. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal, com enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que atuam na União Hospitalar do São Francisco, de Campo Formoso (BA) e no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Correa Júnior de Rio Grande (RS). Foram incluídos no estudo, profissionais que tinham mais de seis meses de trabalho e foram excluídos os que estavam de licença médica e/ou férias no momento da coleta dos dados. Foi realizado contato prévio com as instituições e solicitada aprovação do comitê de ética da Universidade Federal do Rio Grande. A coleta dos dados ocorreu no período de setembro a dezembro de 2019, utilizando-se três instrumentos: o primeiro, elaborado pelos pesquisadores, contendo variáveis sociodemográficas e profissionais; o segundo instrumento foi a Escala de Estresse no Trabalho (EET) e o terceiro, o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), traduzido e adaptado para o português. Os dados foram tratados em função do cálculo dos escores, adequados à análise dos instrumentos utilizados e sofreram tratamento estatístico apropriado, de forma a responder os objetivos do estudo. A análise dos dados foi realizada com o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 20.0. Participaram do estudo 317 profissionais de enfermagem, sendo 287 (90,5%) do Rio Grande do Sul e 30 (9,5%) da Bahia. Destes, 87 (27,4%) eram enfermeiros e 129 (72,2%) auxiliares ou técnicos de enfermagem. Houve predomínio de profissionais do sexo feminino (82,3%), na faixa etária de 29 a 59 anos (79,2%), com ensino superior (45,4%), casados ou em união estável (57,1%), concursados (79,8%) e com renda familiar de dois a cinco salários mínimos (85,5%). Os resultados demonstraram que 92 (29,0%) profissionais apresentaram escores compatíveis com estresse ocupacional importante (>2,5), dos quais 85 (92,4%) trabalhavam no Rio Grande do Sul e sete (7,6%), na Bahia. Os enfermeiros relataram mais fatores estressores do que os auxiliares e técnicos de enfermagem. Em relação às queixas de sintomas osteomusculares nos últimos sete dias, os auxiliares e técnicos de enfermagem apresentaram maior percentual de queixas de dor na região lombar (50,7%), região dorsal (32,9%), tornozelos/pés (26,5%), punhos/mãos/dedos (23,6%), quadris e coxas (16,7%), joelhos (16,2%), antebraço (15,4%), enquanto os enfermeiros apresentaram maior percentual de queixas de dor no pescoço (47,7%), nos ombros (39,1%) e nos cotovelos (9,4%). Os trabalhadores de enfermagem convivem diariamente com o trabalho desgastante e exaustivo, com dor, sofrimento e perdas, o que muitas vezes os leva ao adoecimento. Ao longo dos anos de trabalho estes profissionais podem desenvolver sintomas físicos ou psíquicos, entre eles, os distúrbios osteomusculares e o estresse ocupacional.

TEXTO PARCIAL

Palavras-chave: Estresse ocupacionalTranstornos traumáticos cumulativosEnfermagem