Tese - Maria Luzia Machado Godinho

ABORDAGEM DAS DIRETIVA ANTECIPADA DE VONTADE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM, MEDICINA E PSICOLOGIA

Autor: Maria Luzia Machado Godinho (Currículo Lattes)

Resumo

Os avanços nas ciências médicas e da saúde têm contribuído para o surgimento detratamentos que prolongam a vida dos pacientes, aumentando bastante a expectativa de vida, nem sempre com qualidade e saúde. Dessa forma, a crescente necessidade de gerenciar o processo de morte e morrer, mantendo-se a integridade e o respeito à autonomia pessoal, bem como, a refutação à futilidade terapêutica, privando as pessoas de uma morte digna, foi conduzindo o surgimento das Diretivas Antecipadas de Vontade. Foi objetivo geral do estudo: analisar o conhecimento, experiências, atitudes e nível de confiança dos estudantes de enfermagem, medicina e psicologia diante das Diretivas Antecipadas de Vontade. Foram objetivos específicos: adaptar culturalmente e validar um instrumento que permita medir o conhecimento, experiências, atitudes e nível de confiança dos estudantes de enfermagem, medicina e psicologia diante das Diretivas Antecipadas de Vontade; analisar o conceito de diretivas antecipadas de vontade segundo o modelo evolucionista de Rodgers; construir e validar um material didático digital de apoio aos estudantes sobre diretivas antecipadas de vontade. O estudo defendeu a seguinte tese: o conhecimento adquirido ao longo da formação universitária sobre diretivas antecipadas de vontade, associados às experiências vivenciadas pelos estudantes da enfermagem, medicina e psicologia podem oportunizar ações que fortalecem a autonomia dos pacientes em processo de morte e morrer. Tratou-se de estudo metodológico, quantitativo e descritivo realizado com acadêmicos de graduação em enfermagem, medicina e psicologia da Universidade Federal do Rio Grande. Na parte metodológica, um instrumento internacional foi adaptado transculturalente conforme as etapas de Beaton. O instrumento validado, que busca descrever o conhecimento, atitudes e experiências dos futuros profissionais da saúde com relação às diretivas antecipadas de vontade possui 115 itens divididos em oito dimensões. Na etapa quantitativa, o instrumento adaptado foi encaminhado via email para 60 acadêmicos dos três cursos citados. As coletas ocorreram entre entre fevereiro e julho de 2022. Os dados foram analisados pelo Statistical Package for Social Sciences. Todos preceitos éticos foram cumpridos em sua integralidade. Os resultados da presente tese foram apresentados sob forma de três artigos científicos. No primeiro artigo, que objetivou analisar os conhecimentos, atitudes, nível de confiança e experiências acerca das diretivas antecipadas de vontade dos acadêmicos, foi identificado ínfimo conhecimento em relação ao que realmente se trata as diretivas. Em relação às atitudes, o score no curso de graduação em medicina, totalizou uma moda de 53 pontos, no curso de graduação em psicologia uma moda de 49 pontos e por último, no curso de graduação em enfermagem com 47 pontos, de um total de 59 pontos totais. A maioria dos acadêmicos nunca tiveram nenhuma experiência com as diretivas. Em relação ao nível de confiança, verificou-se um nível decrescente do curso de psicologia (menor confiança) para o curso de medicina (maior confiança). No segundo artigo, evolução conceitual das diretivas antecipadas de vontade com base no modelo de Rodgers, considera-se que o termo diretiva possui características marcantes de seus atributos, como por exemplo, manifestação autônoma; conjunto de desejos, bem como, a própria autonomia, atributo este que define o real objetivo deste documento. Ainda, as consequências também são percebidas como positivas para o indivíduo, visto até como algo que facilita uma dignidade no momento da morte. Porém, nos antecedentes ainda se percebe uma dúvida em relação a aplicabilidade e validade deste documento. No terceiro artigo foi apresentado o processo de construção de material didático pedagógico digital sobre as diretivas antecipadas de vontade.. Espera-se que com o material construído, desperte dos acadêmicos para o aprofundamento do tema podem contribuir para que essa temática seja mais discutida ao longo dos corredores universitários. Como considerações finais, que reforçam a tese apresentada, ficam alguns questionamentos: Como os futuros profissionais de saúde estarão preparados para lidar com os desejos do paciente promovendo as diretivas? Como esses conteúdos devem ser abordados em ambiente de sala de aula? Como será possível ultrapassar as barreiras culturais que ainda nos impedem de planejar o fim de vida com autonomia e dignidade?

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: Diretivas antecipadasAutonomia pessoalÉtica da enfermagemEstudantes de ciências da saúdeMorte