Dissertação - Juliana Lima da Cunha

Fadiga por compaixão e engajamento no trabalho em profissionais de enfermagem durante a pandemia de Covid-19

Autor: Juliana Lima da Cunha (Currículo Lattes)

Resumo

A pandemia de COVID-19 gerou preocupação com a saúde mental dos profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate à doença. Por outro lado, o engajamento no trabalho destes profissionais compreende um estado de espírito positivo e realizador, relacionado ao trabalho. Este estudo teve como objetivo avaliar os níveis de fadiga por compaixão e engajamento no trabalho em profissionais de enfermagem que atuam em um hospital universitário no sul do Brasil, durante a pandemia de covid-19. Trata-se de um estudo de base populacional, quantitativo, transversal, descritivo e correlacional, desenvolvido com enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuavam no Setor de Urgência e Emergência e na enfermaria COVID-19 do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Júnior, no Município do Rio Grande (RS). Foram incluídos os profissionais de enfermagem que atuavam na linha de frente da pandemia de COVID-19, há mais de seis meses, no momento da coleta dos dados. Esse critério foi utilizado para assegurar que os profissionais selecionados haviam vivenciado a sobrecarga e o intenso ritmo de trabalho causado pela pandemia. Foram excluídos profissionais de férias e/ou afastados do trabalho no momento da coleta dos dados. Os dados foram coletados no final da terceira onda da pandemia, entre fevereiro e abril de 2022, utilizando um instrumento elaborado pelos pesquisadores, contendo variáveis sociodemográficas e profissionais; a Professional Quality of Life Scale - BR (ProQoL-BR) e a versão reduzida da Utrecht Work Engagement Scale (UWES-9). O teste de correlação de Pearson (r) foi aplicado para analisar a correlação entre fadiga por compaixão e engajamento no trabalho. Participaram do estudo 77 profissionais de enfermagem, sendo 23 (29,9%) enfermeiros e 54 (70,1%) auxiliares/técnicos de enfermagem. Houve predomínio de profissionais do sexo feminino (68,8%), na faixa etária de 36 a 50 anos (45,5%), com ensino médio (66,2%), casados ou em união estável (58,4%), concursados (75,3%) e com renda familiar de dois a cinco salários mínimos (57,1%). Os profissionais de enfermagem apresentaram escore compatível com nível alto de satisfação por compaixão (44,9) e escores baixos para burnout (21,0) e para estresse traumático secundário (22,8). Evidenciou que 28,6% dos profissionais de enfermagem apresentaram nível alto de satisfação por compaixão, 26,0% nível alto de burnout e 23,4% com nível alto de estresse traumático secundário. Houve 27,3% de profissionais com nível baixo de satisfação por compaixão, 48,0% com nível médio de burnout e 53,2% com nível médio de estresse traumático secundário. Nenhum profissional apresentou perfil compatível com fadiga por compaixão. Em relação ao engajamento no trabalho, os profissionais apresentaram alto nível de dedicação (escore 5,3) e níveis médios de vigor, absorção e escore geral (escores 4,9, 4,5 e 4,9, respectivamente). A satisfação por compaixão se correlacionou negativamente com o bunout e com o estresse traumático secundário, e positivamente com as dimensões do engajamento no trabalho. Concluiu-se que os profissionais de enfermagem apresentavam baixos níveis de Fadiga por Compaixão, não apresentavam sentimentos negativos decorrentes da exposição ao sofrimento e à dor. Os profissionais de enfermagem também apresentaram bons níveis de engajamento no trabalho, com destaque para a dedicação, cujos níveis elevados mostram que os trabalhadores inseridos nos serviços de atendimento a pacientes com COVID-19 se sentiam orgulhosos, envolvidos e engajados no seu trabalho. É importante que as instituições garantam ambientes propícios ao trabalho equilibrado e harmônico entre a equipe de enfermagem, com dimensionamento adequado e disponibilidades de EPI, favorecendo o desenvolvimento do engajamento no trabalho e prevenindo o surgimento da fadiga por compaixão.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: Fadiga por compaixãoEngajamento no trabalhoProfissionais de enfermagemHospitais universitáriosCovid-19