Tese - Francielle Garcia da Silva

Fadiga por compaixão, estresse ocupacional e engajamento no trabalho em enfermeiros de um hospital universitário

Autor: Francielle Garcia da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

Os profissionais da saúde que atuam em ambiente hospitalar estão, cada vez mais, enfrentando um conjunto de problemas físicos e psicossociais em seus ambientes de trabalho. Estudos recentes apontam o quanto a Fadiga por Compaixão e o Estresse Ocupacional estão influenciando no Engajamento no Trabalho dos enfermeiros. Este fenômeno poderá ter um impacto significativo tanto no bem-estar e qualidade de vida do profissional de saúde quanto na qualidade dos atendimentos prestados. Este estudo objetivou analisar os níveis de fadiga por compaixão, estresse ocupacional, engajamento no trabalho e a relação entre eles, em enfermeiros de um hospital universitário no extremo sul do Brasil, no período pré-pandêmico. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e correlacional, vinculado ao macroprojeto "Fadiga por compaixao, engagement, estresse ocupacional e sintomas osteomusculares em profissionais de enfermagem em hospitais". Os dados foram coletados no período de setembro a dezembro de 2019 e armazenados em um banco de dados do projeto matricial. Foram utilizados quatro instrumentos: o primeiro, elaborado pelos pesquisadores, contendo variáveis sociodemográficas e profissionais; o segundo foi a Escala de Estresse no Trabalho (EET); o terceiro, a Escala de Qualidade de Vida Profissional (ProQol-BR) e o quarto instrumento, a Utrecht Work Engagement Scale (UWES), todas as escalas validadas para a população brasileira. O tratamento dos dados foi realizado com o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 23.0, a partir de análises descritivas e exploratórias; análise de confiabilidade e análise de correlação, com aplicação de testes estatísticos apropriados, considerando nível de significância de 5% (valor-p 0,05). Participaram do estudo 83 enfermeiros, com predomínio de profissionais do sexo feminino (75,9%), na faixa etária de 26 a 35 anos (50,6%). Os profissionais apresentaram escore compatível com nível alto de satisfação por compaixão (50,00), de burnout (50,00) e de estresse traumático secundário (49,99), e 54 (65,9%) enfermeiros apresentaram fadiga por compaixão (alto nível de burnout associado ao alto nível de estresse traumático). Em relação ao estresse ocupacional, 29 (34,9%) enfermeiros atingiram escores compatíveis com a presenca de estresse importante (2,5). Os principais estressores foram: a deficiência nos treinamentos profissionais (3,1±1,2); a deficiência na divulgação de informações sobre decisões organizacionais (3,1±1,1); a forma de distribuição das tarefas (2,9±1,0); o tipo de controle (2,6±1,0); a falta de autonomia na execução do trabalho (2,5±1,1); a falta de compreensão as responsabilidades (2,5±1,0); a falta de informações sobre as tarefas no trabalho (2,5±1,0) e o tempo insuficiente para realizar o trabalho (2,5±1,2). Os níveis de engajamento no trabalho foram classificados como altos, com escores variando de 4,2 (±1,0) a 4,6 (±1,0). Os resultados obtidos comprovam a tese e confirmam que, apesar de apresentarem bons níveis de engajamento no trabalho; os enfermeiros da atenção hospitalar apresentavam estresse ocupacional e comprometimento da qualidade de vida no trabalho, com escores compatíveis com a fadiga por compaixão, no período pré-pandêmico.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: Fadiga por compaixãoEngajamento no trabalhoEstresse ocupacionalEnfermeiros